sábado, 9 de julho de 2011

O único Consolador



Não gosto de levantar muitas polêmicas, mas acho que muitos não irão concordar com o que vou expressar nesta postagem. Tenho observado o comportamento de muitos, e visto o quanto as pessoas se apoiam umas nas outras nos momentos mais difíceis e de maior crise emocional. Não discordo que, ao enfrentar um problema, um ombro amigo faz muito bem, inclusive é muito importante compartilharmos os nossos problemas com o próximo, pois percebemos o quanto o problema é pequeno, até por uma questão matemática; tudo o que você divide fica menor.
A amizade é importante em momentos de dificuldade espiritual. Mesmo que um amigo não fale nada, apenas empreste seus ouvidos para ouvir um desabafo, é uma atitude que conforta e ajuda a superar na medida do possível. Porém, não é o papel do amigo consolar. E por mais que insistamos em consolar uns aos outros, falharemos sempre.
O poder lenitivo na vida do ser humano, ao meu ver, e segundo as Sagradas Escrituras, cabe ao Espírito Santo. Por mais que seja bom para a alma saber que pode contar com alguém para dividir as angústias e as perturbações da lida, somente o Espírito Santo pode trazer efetivo e completo Consolo para a alma. E quando falo de consolo, falo de solução, cura e prazer verdadeiros. Nenhum melhor-amigo, por mais bem intencionado que seja, consegue trazer o bálsamo necessário para aliviar as dores da alma. Tanto por que, não fomos criados para isso, e portanto falhamos em querer consolar-nos.
Um exemplo bíblico para sustentar minha tese é a estória de Joquebede, a mãe de Moisés. Quando Moisés nasceu, havia em vigor um decreto do Rei-Sol que dizia que todos os nascidos varões dentre os hebreus deveriam ser mortos pelas parteiras, e as nascidas varoas, deveriam ser deixadas com vida. Esta fora a medida encontrada pelo faraó para reduzir o contínuo aumento da população hebréia. Joquebede já possuía dois filhos, Aarão e Miriã, mas não teve coragem de deixar que matassem seu filho recém nascido, pois o menino era mui formoso. Por três meses, Joquebede escondeu o menino dentro de casa, mas, com o tempo, ia ficando cada vez mais difícil esconder a criança com vida. E aquela mãe não poderia contar com a ajuda de ninguém, nem de nenhum vizinho, pois os filhos de suas vizinhas haviam sido mortos e o dela ainda vivia. Ninguém poderia descobrir que seu filho estava vivo e em segurança. Somente seus filhos poderiam servir de consolo para ela tomar atitude tão drástica. O menino iria morrer. Se ela não fizesse alguma coisa logo, em breve veria os soldados de faraó invadirem sua casa para matar pela espada o pequeno. Então, mui corajosamente, Joquebede confeccionou uma cesta de vime e betumou a cesta para que a mesma pudesse flutuar sobre a água. Pôs o menino na cesta e o levou até o Nilo, onde o abandonou ao relento. Era isso, ou enfrentar a dor de presenciar o assassinato do filho. Fico imaginando que naquele momento o que aquela mulher mais queria era se abraçar com seus filhos Aarão e Miriã, e se consolar com a presença e com a vida deles que estariam com ela sempre. Aarão ficou consolando a mãe em casa, porém Miriã não se prestou esse papel. Ela não foi consolar a mãe, pois nada poderia sanar a dor de abandonar um filho, entregando-o à morte certa. Não. Miriã ficou a observar a cesta de vime de longe, sem interferir em seu trajeto, até que a cesta foi dar às margens do palácio do Faraó do Egito. Miriã poderia ter evitado que a cesta contendo seu irmão hebreu fosse dar na morada do inimigo opressor de seu povo, mas ela não interveio. A Filha do Faraó avistou a cesta de longe e mandou pegarem-na. Ao avistar a linda criança, a princesa se encantou e decidiu que criaria aquela criança. Mas como faria para amamentar um bebê de três meses? Foi neste momento que Miriã entrou em cena e disse: "Eu sei de uma mulher que pode cuidar dele para a Senhora. Ela perdeu o filho, e pode amamentar essa criança para você."
Miriã estava sendo usada pelo Espírito Santo para trazer verdadeiro consolo para sua mãe. Joquebede recebeu seu filho novamente, e ainda recebeu um bom salário para poder cuidar da criança até que ele fosse maior. E a princesa chamou aquela criança, Moisés.
Com isso fico imaginando que, se Miriã tivesse ficado em casa consolando sua mãe da perda do filho, jamais saberemos o que teria sido de Moisés, ou quem poderia tê-lo criado no lugar de sua mãe; e Joquebede não receberia o consolo para sua angústia que era o fato de não poder criar seu filho devido o decreto do Rei-Sol. Fico imaginando também, quantos outros "moisés" não tiveram a mesma sorte, por que não tinham ninguém que lhes valesse, mesmo de longe. Quantos perdem tempo consolando as lágrimas de um amigo, quando poderiam esperar o momento certo para agir e realmente trazer consolação para a alma do irmão.
Nossa função não é consolar, mas agir no momento certo, munidos de coragem e através do Espírito Santo, para trazer consolação eficaz. Mas esta é apenas a minha opinião. Nada contra quem usa os amigos de apoio para superar o insuperável. Se Miriã não tivesse agido daquela forma, nem que passasse o resto de sua velhice ao lado da mãe, Joquebede jamais seria consolada, e o povo jamais seria liberto da escravidão do Egito. Nossas escolhas não refletem apenas em nossas vidas, mas no futuro de milhões.
Pense e reflita em suas atitudes.
A Paz do Senhor.

Um comentário:

  1. Fico feliz Tiago em poder ler um texto tão estimulante e espiritual.Nós tentamos sim muitas vezes fazer o papel do Espírito Santo mas falharemos sempre.O que nos falta mesmo é buscar o discernimento de espírito pra agirmos no momento certo e da forma certa .

    Um grande abraço

    Josias Gonçalves

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